No lugar do conflito, da guerrilha e do confronto, o diálogo, o enfrentamento respeitoso e a manifestação livre, plural e horizontal. Ao invés de guerrilheiros, manifestantes e ocupantes. Sem hierarquia e disciplina, mas com muita noção de equipe, coordenação e, principalmente, organização.
Não há comando, mas debate democrático em plenária, em que, via de regra, as decisões são por consenso. Os representantes são escolhidos a cada momento e se revezam, só em algumas situações e se revelam muito mais porta-vozes do Coletivo e suas decisões.
As armas são a comunicação, as ideias e a internet (as redes sociais). São máscaras – artesanais ou não – para proteção contra gás lacrimogêneo e spray de pimenta, computadores e câmeras. A Constituição, as flores e a paz.
Trata-se de revolução porque almejam mudanças estruturais do status quo. Porém, não para instalar uma outra (des)ordem, mas para que a práxis política, as interpretações jurídicas e os relacionamentos construam novos significados que se mostrem concretamente como cumprimento das expectativas populares acerca da Constituição Federal vigente.
Que se mudem os processos e as formas de se fazer política, obedecendo-se as regras do jogo preestabelecidas na Carta Constitucional, de acordo com interpretações que não extrapolem as possibilidades que os textos permitem. Mas, também, que os textos não sejam criados e mudados ao bel prazer das conveniências e interesses exclusivos, particulares ou de privilégios.
Que a participação direta da Sociedade seja garantida e respeitada. Que as pessoas sejam ouvidas e suas considerações debatidas, com respeito e dignidade, pois qualquer um é intérprete da Constituição.
Em suma, não se busca um outro regime, uma outra ordem e nem outra Constituição. Apenas que se construa coletivamente o Estado Democrático de Direito, conforme os parâmetros e diretrizes já estabelecidos. Que a Constituição saia do papel.
A juventude natalense não mais aceita a pecha de futuro da nação, que a torna objeto no presente. Tornou-se sujeita da história. É, agora, o presente da nação.
Estou aprendendo a cada dia que passa com os meninos e as meninas, estudantes em ocupação na Câmara Municipal de Natal. Espero já ter conseguido captar algo dessa nova revolução que surgiu e parte do acampamento auto-intitulado Primavera Sem Borboleta.
Daniel Pessoa - É advogado dos manifestantes do Acampamento #PrimaveraSemBorboleta na CMN.
Fonte: http://deolhonodiscurso.wordpress.com/2011/06/16/foramicarla-a-nova-revolucao/
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